domingo, 20 de dezembro de 2009

CONTO DE NATAL


Já se encontra nos escaparates das várias Livrarias, a saber, Bertrand, FNAC, Hipermercados,
etc. o livro da nossa xamuar Lizete Lopo.

A apresentação do livro foi em Viseu, no dia 28 de Novembro de 2009, na Quinta da Margarenha.

A Lizete nasceu a 25 de Julho de 1963, na Missão de Malatane, António Enes, Moçambique.


A Palavra Prévia de "Quero Viver" é do Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa.


Cristina Rodriguez, revisora literária, escreveu:


Quero Viver” é a história de uma criança e da sua família antes e depois de lhe ter sido diagnosticado um cancro no cérebro aos sete anos. Uma narração pungente, autêntica, feita pela sua mãe, Lizete Lopo, onde nos conta primeiro o romance que a leva ao casamento, depois o enlevo natural que foi ter os seus filhos, os seus “Tesouros”, para depois ver ruir todos os sonhos ao ser confrontada com uma realidade tão dura como ver um filho ameaçado de morte. Mas esta história real, vivida, sofrida não se fica por aqui, Lizete Lopo também nos conta como foi enfrentar a luta pela sobrevivência, o ganhar da esperança, o não desistir perante a adversidade, a fé que fez mover as montanhas, os céus e transformou uma família que se atreveu a acreditar sempre, até hoje. Essa mesma fé motivou a autora a encher-se de coragem e escrever este livro tocando em todas as partes mais sensíveis das suas memórias para que cada um de nós ao lê-la possa reflectir sobre a vida e a morte sem fugir, olhando de frente e sempre com um grande sorriso, mesmo que nele também caibam as lágrimas."


Quem sou eu para dizer o que quer que seja sobre "Quero Viver"!?
No entanto, se me perguntassem: Alda, o que é o AMOR?
Eu diria: O AMOR ... está definido no livro da Lizete, Quero Viver.


segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL

“…Para a tribo Macua, o sorriso é um sinal de amizade e de que se pode criar uma boa relação. Quando chega alguém que não conhecem, sorriem-lhe na mesma. Deste modo, ele saberá que não tem nada a temer.

Os macuas recorrem também ao sorriso para apagar as ofensas. O ofendido, por sua vez, espera que aquele que o ofendeu lhe retribua outro sorriso para demonstrar que não queria ferir-lhe o coração. Basta um sorriso e acontecerá a reconciliação…”

Feliz Natal


...muita saúde…muita paz…muita alegria…e…


...Sorriam sempre…


Um abraço forte,sincero e com um enorme sorriso do,


João Neves







"A todos os que sofrem e estão sós, dai sempre um sorriso de alegria. Não lhes proporciones apenas os vossos cuidados, mas também o vosso coração."        (Madre Teresa de Calcutá)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Gente grande da Tribo Macua - Queiroz protegido no Mundial pela padroeira de Nampula

Queiroz protegido no Mundial pela padroeira de Nampula


por SÍLVIA FRECHES - DN - 01/12/2009



Um grupo de amigos da cidade onde nasceu o seleccionador vai oferecer uma estatueta de Nossa Senhora de Fátima, em madeira preta, para acompanhar Carlos Queiroz. A petição circula com sucesso na net
A selecção nacional poderá começar a ser acompanhada pela imagem de Nossa Senhora de Fátima, padroeira de Nampula. Pelo menos esse é o desejo de uns amigos de Moçambique de Carlos Queiroz, que querem homenagear o seleccionador português, natural de Nampula, onde jogou futebol enquanto júnior.
Preocupados com o facto da selecção ter ficado sem a Nossa Senhora do Caravaggio, a quem Scolari prestava devoção, um grupo de moçambicanos está empenhado em entregar a Queiroz uma pequena estátua em madeira preta, para o acompanhar e dar sorte durante o Mundial 2010 na África do Sul.
Em Moçambique corre um email para recolher assinaturas de quem queira apadrinhar a iniciativa. E segundo contou ao DN um jornalista de Nampula, Carlos Coelho, "há muita gente a aderir", sobretudo "no meio dos desportistas". A maioria das pessoas que estão a colaborar com o grupo que lançou a ideia, explica ainda o jornalista, conhecem Carlos Queiroz e consideram "relevante" o seu trabalho no desenvolvimento do desporto naquela região. "Eles querem homenageá-lo"
"A estatueta será esculpida por artesãos nampulenses, em madeira preciosa, com os ornamentos que os amigos desejarem, será benzida na Igreja onde foi baptizado Carlos Queiroz e enviada para Portugal", diz o texto que circula num blog de um dos promotores da iniciativa.
A obra ainda não está pronta, apesar do objectivo inicial ser o de entregar a estatueta ao seleccionador nacional a tempo de a poder levar para o sorteio da fase de grupos do Mundial, na próxima sexta- -feira. Um cenário que parece ter sido já colocado de parte, pelo que a imagem deverá chegar às mãos de Carlos Queiroz só quando Portugal iniciar o estágio para a competição, o que poderá mesmo acontecer em Moçambique.


Sábado, dia 5, os responsáveis da selecção portuguesa anunciarão o local onde a equipa irá estagiar para o Mundial.
Entretanto, uma fonte policial sul-africana informou que entre as próximas sexta-feira e domingo o espaço aéreo da Cidade do Cabo, onde se realizará o sorteio para o Mundial, permanecerá fechado. "Uma das medidas de segurança a pôr em prática vai ser a restrição do espaço aéreo durante certos períodos nas imediações da Península do Cabo e da Ilha de Robben", referiu a mesma fonte. Nesses dias, quem pretender sobrevoar o Centro de Convenções da Cidade do Cabo terá de solicitar uma autorização com 24 horas de antecedência..."


publicado em DN - 01/12/2009

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

GENTE GRANDE DA TRIBO MACUA

Carlos Queiroz (Nampula, 1 de Março de 1953) - Selecionador Nacional de Futebol de Portugal.

Bi-Campeão do Mundo



Nascido em Moçambique, jogou futebol nos júniores do Clube Ferroviário de Nampula, regressou a Portugal em 1975. Logo nessa altura ingressou no Instituto Superior de Educação Física de Lisboa(ISEF), onde tirou o curso de Educação Física, um mestrado e leccionou como assistente convidado. Em 1984, foi adjunto do Mário Wilson, no Grupo Desportivo Estoril Praia. Foi convidado em 1987 a integrar os quadros da Federação Portuguesa de Futebol para desempenhar o cargo de seleccionador nacional nas camadas jovens. Carlos Queiroz, que fez muita pesquisa e investigação sobre os métodos utilizados no estrangeiro, apostou forte na formação dos jovens jogadores que tinha a seu cargo e foi o responsável pelo aparecimento de craques como Luís Figo, Rui Costa, Vítor Baía, Paulo Sousa, Fernando Couto e João Vieira Pinto.


Até 1991, Queiroz esteve à frente das selecções jovens com as quais conquistou por duas vezes o título mundial de juniores, em 1989 na Arábia Saudita e em 1991 em Portugal. Foi um feito inédito que marcou o futebol português, nomeadamente porque nessas selecções alinhavam alguns jogadores que viriam a ser dos melhores do mundo e que desde sempre foram acompanhados por Carlos Queiroz. A Federação Portuguesa de Futebol quis aproveitar o talento de Carlos Queiroz e a seguir à conquista do Mundial de 1991 promoveu-o a líder da selecção principal. Mas nem tudo correu bem e Portugal não se conseguiu apurar para a Copa do Mundo de 1994, que teve lugar nos EUA. Queiroz abandonou a selecção e a federação algo desapontado e ainda nesse ano tentou uma experiência diferente como treinador.


Pela primeira vez, treinou um clube, no caso o Sporting, mas a falta de títulos acabou por levar à sua dispensa em 1996. Com Queiroz ao comando o Sporting apenas venceu a Taça de Portugal correspondente à temporada 1994/1995, tendo batido na final, no Estádio Nacional do Jamor, o Marítimo por 2-0.


Carlos Queiroz, com os títulos de juniores, alcançou bastante fama a nível mundial, nomeadamente pela sua capacidade de formação de jogadores e isso valeu-lhe vários convites do estrangeiro, onde optou por prosseguir a sua carreira. Treinou então a equipa norte-americana do MetroStars e a japonesa do Nagoya Grampus Eight, até que em Julho de 1998 regressou ao comando de uma selecção, no caso a dos Emirados Árabes Unidos, onde esteve cerca de um ano


Enquanto esperou por outro projecto tentador Carlos Queiroz foi convidado por duas vezes para treinar a selecção mundial da FIFA, para a qual são convocados alguns dos melhores futebolistas do Mundo, e para ser consultor técnico da Federação de Moçambique. O regresso ao activo aconteceu Agosto de 2000, para orientar a selecção da África do Sul, que conseguiu apurar para a Copa do Mundo de 2002. Em 2002, assumiu o cargo de treinador-adjunto de Alex Ferguson no Manchester United, contribuindo para o título de campeão de Inglaterra que o clube conquistou. Em Junho de 2003 foi contratado pelo Real Madrid para treinador principal da equipa espanhola, substituindo Vicente del Bosque. Num época bastante agitada, acaba por não conseguir impor a sua filosofia de trabalho. Regressa ao Manchester United para continuar o seu trabalho com Alex Ferguson, treinador principal do colosso inglês.


A 11 de Julho de 2008, para ocupar a vaga deixada por Luiz Felipe Scolari, Carlos Queiroz, foi anunciado como treinador da Selecção Portuguesa de Futebol, com o principal objectivo de qualificar a selecção portuguesa para a Copa do Mundo FIFA de 2010.[1]


Títulos:


• 1988 - Vice Campeão - Europeu Sub-17
• 1988 - Vice Campeão - Europeu Sub-19
• 1989 - Vencedor - Mundial Sub-20 de Futebol
• 1989 - Vencedor - Europeu Sub-17
• 1989 - 3º Classificado - Mundial Sub-17
• 1990 - Vice Campeão - Europeu Sub-19
• 1991 - Vencedor - Mundial Sub-20 de Futebol
• 1994-1995 - Vencedor Supertaça Portuguesa (Sporting CP)
• 1994-1995 - Vencedor Taça de Portugal (Sporting CP)
• 1994-1995 - Vice-campeão - Liga Portuguesa (Sporting CP)
• 1995-1996 - Vice-campeão - Major League Soccer (MetroStars)
• 2002-2003 - Vencedor - Supertaça Inglesa (Manchester United)
• 2002-2003 - Finalista Vencido - Taça da Liga Inglesa (Manchester United)
• 2002-2003 - Vencedor - Liga Inglesa (Manchester United)
• 2003-2004 - Vencedor - Supertaça Espanhola (Real Madrid)
• 2005-2006 - Finalista Vencido - Taça de Inglaterra (Manchester United)
• 2005-2006 - Vencedor - Taça da Liga Inglesa (Manchester United)
• 2005-2006 - Vice-campeão - Liga Inglesa (Manchester United)
• 2006-2007 - Vencedor - Liga Inglesa (Manchester United)
• 2007-2008 - Vencedor - Liga Inglesa (Manchester United)
• 2007-2008 - Vencedor - Liga dos Campeões da UEFA (Manchester United)



SHALOM, CARLOS... 
João Neves


domingo, 29 de novembro de 2009

Poeta sem o ser...





Perdi os temores do tempo....

Saltei barreiras, temporais , gritos , desesperos...

Cheguei ao destino impávida de nostalgia, o destino que não queria, mas cheguei. Reclamo com a minha alma, a perda da morada certa.

Luto por um só suspiro de agrado e de prazer... luto pela saudade eterna da terra do bafo quente, luto por te rever, enquanto o impossível se torna em sonho.

Um dia irei...sim,retornarei em pó ,em cinza,mas retornarei... e o chão terá o odor da terra molhada das minhas lágrimas.

Duma Moçambicana que não é poeta.


Luzinha Coelho

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Fica longe o sol que vi


Fica longe o sol que vi,
aquecer meu corpo outrora...
Como é breve o sol daqui!
E como é longa esta hora...


Donde estou vejo partir
quem parte certo e feliz.
Só eu fico. E sonho ir,
rumo ao sol do meu país...


Por isso as asas dormentes,
suspiram por outro céu.
Mas ai delas! tão doentes,
não podem voar mais eu...




  
que comigo, preso a mim,
tudo quanto sei de cor...
Chamem-lhe nomes sem fim,
por todos responde a dor.


Mas dor de quê? dor de quem,
se nada tenho a sofrer?...
Saudade?...Amor?...Sei lá bem!
É qualquer coisa a morrer...


 



E assim, no pulso dos dias,
sinto chegar outro Outono...
passam as horas esguias,
levando o meu abandono...



Clotilde Nunes Silva *

*Poetisa Moçambicana - nasceu em Lourenço Marques (Maputo)  - 1925


domingo, 22 de novembro de 2009

A Lista

Numa altura do ano próxima da grande festa da família, tempo de reunir amigos ou trocar mensagens de amizade e carinho, recebi este pps que me enterneceu e me levou a publicar este post.
…dizer da minha parte que gostaria que a gente da minha Tribo lesse esta Lista do Oswaldo…


A Lista




Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?


Oswaldo Montenegro






Um abraço


João Neves

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Sinto falta das Acácias


Sinto falta ...

Da vossa cor rubra

Da vossa sombra

Onde eu me protegia do sol escaldante

Onde me quedava a ouvir o canto das cigarras

Recordava a  fábula que tinha lido na escola

A cigarra e a formiga

Mas, a fábula não fazia sentido para mim

Na minha terra não havia frio nem neve


Na minha terra existiam  acácias que se vestiam de plumas rubras

Pelo pino do sol, como só na minha terra existe

Cigarras em uníssono entoavam uma melodia 

E as vossas ramagens todas emplumadas

vibravam numa dança acrobática

Sinto falta...                                                                                                                                                                                                              


A.M.

P.S. fotos retiradas da net


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Vontade de beijar os olhos de minha Pátria...

...se me perguntarem o que é a minha Pátria...direi...não sei...mas sei que a minha Pátria é a luz, o sal, a água...vontade de beijar os olhos da minha Pátria...de mimá-la...de passar-lhe as mãos pelos cabelos...

...está decidido...um dia vou voltar a minha Pátria, não sei quando...talvez integrado numa qualquer organização de ajuda humanitária...a vontade de abraçar a minha gente não tem limites...vou voltar...não sei quando...mas vou voltar, gente.


 " Ter-se nascido ou vivido em Moçambique é uma doença incurável, uma virose latente. Mesmo para os que se sentem genuinamente portugueses mascara-se a doença, ignora-se, ou recalca-se e acreditamo-nos curados e imunizados. A mínima exposição a determinadas circunstâncias desencadeia, porém, inevitáveis recorrências e acabamos por arder na altíssima febre de uma recidiva sem regresso nem apelo".

Rui Knopfli


     in ...http://umvoocegoanada.blogspot.com

Um beijo.

João Neves




quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Faz hoje um ano


A nossa cidade

A minha partida para Moçambique dia12 de Novº 2008



Primeiro que tudo agradeço o convite do João para participar na Tribo Macua.Não podia deixar de aceitar e orgulho-me de enviar-vos o meu primeiro post precisamente no dia em que faz um ano que parti rumo a Moçambique depois de 42 anos.
Quero, portanto, partilhar convosco a emoção que senti ao chegar a Nampula.
Sentir, ao olhar a cidade, a sensação de que nunca tinha de lá saído.
O cheirinho macua envolveu-me de tal maneira que ainda hoje o sinto!
Vou tentar deixar duas fotos e prometo que voltarei à Tribo Macua para mais posts.
Não sou bem do vosso tempo, um pouquinho mais antiga, lembro-me de quase todos vós muito novinhos ainda...Beijos a todos

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Dia de Castanhas - S. Martinho




Não me recordo se lá na minha terra se festejava o dia de S. Martinho.
Lembro-me de subir aos cajueiros, como uma macaquita, para  apanhar os seus frutos.
No meu quintal não havia cajueiros. Simplesmente ficava a olhar para o cajueiro frondoso, da machamba do Administrador em frente à minha casa.
A minha mãe proibiu-me de lá ir.
Depois da escola e do almoço  parada na estrada  olhava  aquele cajueiro ...  era lindo,principalmente, quando estava carregado de frutos ... a minha mãe dizia: menina vem para dentro! Mas, eu não acatava a ordem ... ficava ... até que aparecessem os cipaios com os reclusos para culimarem a machamba.
Os cipaios já me conheciam, 
olhavam para mim a sorrir, a minha conversa era sempre a mesma.

Cipaio, dá cajú à menina, dizia eu.
O Cipaio, com o seu sorriso rasgado, dizia: está bem, minina eu vou apanhar...  já levo cajú à minina.
Num ápice alguém batia à porta:
Srª... cajú pra minina...
O pior seguia-se ... assar as castanhas no moto do quintal, sujar-me toda, ai como a minha mãe ficava .... 
A acompanhar as castanhas eu bebia o suco do cajú.





Os indígenas faziam jambalau uma bebida alcoólica produzida através do suco do cajú. Por essa altura, a música  e a dança no bairro do mafarinha duravam  até às tantas, era certamente o festejo do dia de " S. Martinho".


Eu nunca fui ao Mafarinha ver uma festa destas, simplesmente adormecia ao som dos batuques e das marimbas.



Com ou sem castanhas de cajú , um bom S. Martinho para vós, se puderem dancem uma Marrabenta.


Bjx
Alda

domingo, 8 de novembro de 2009

Despojos de uma Infância

Tá-tá...

Acenámos nossas mãozitas douradas


Na esperança do reencontro

Virei-me, pela última vez, para te ver no meio da multidão

A tua balalaica e o teu calção distinguiam-te como se de um chefe te tratasses

Ouvi a voz estridente de alguém... despache-se!!!...entre!!!

Entrei naquele pássaro gigante

Dos meus olhos  pérolas silenciosas brotaram

O meu lugar era à janela

Não era mais a janela do comboio onde eu e tu respirávamos liberdade

Fechei os olhos na tentativa de  esquecer

Chorei ... saboreei o sal das minhas lágrimas

Recordei, então:

O teu sorriso rasgado           

O teu cheiro a maresia

A tua pele dourada

A tua voz ... como uma melodia de embalar...

A esperança do reencontro morava no meu coração

Mas ... os deuses não quiseram...

Perdemo-nos num tempo e num espaço que não voltarão jamais

O passado desapareceu ... o futuro não sabemos... o presente já não é.

Restam apenas memórias ...

 

AM (Lx  30 /12/79)

 P.S. Imagens retiradas do Blogue - Voando Sobre Moçambique

 

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

...Lar ...doce lar...

  
    ...O ÉDEN...








...NÃO  TENHO  COMENTÁRIOS...

João Neves

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Morre lentamente ...


"Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê, 
Quem não ouve música, 
Quem destrói o seu amor-próprio, 
Quem não se deixa ajudar. 

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito, 
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto, 
Quem não muda as marcas no supermercado, 
não arrisca vestir uma cor nova, 
não conversa com quem não conhece. 

Morre lentamente quem evita uma paixão, 
Quem prefere O "preto no branco" 
E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis, 
Justamente as que resgatam brilho nos olhos, 
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, 
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, 
Quem não se permite, 
Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos. 

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da Chuva incessante, 
Desistindo de um projecto antes de iniciá-lo, 
não perguntando sobre um assunto que desconhece 
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe. 

Evitemos a morte em doses suaves, 
Recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o 
Simples acto de respirar. 
Estejamos vivos, então!» 

Pablo Neruda

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Nação Macua

Li este post no  malambas.blogspot.com e gostei...gostei mesmo maningue e resolvi compartilhá-lo convosco.
...
Nação Macua
Todos os meus amigos sabem que nasci na Zambézia e que sou macua. Gosto muito desta minha condição.


Sou macua, pertenço a nação macua e gosto de o ser, sinceramente identifico-me completamente com as gentes desta nação, com o lugar, com os costumes, com o comer, com o viver; enfim Sou macua porque me sinto macua.


Incrivelmente hoje, ao receber uma chamada telefónica um amigo me disse: Estou na tua terra e chove aqui a cântaros. Fique radiante, tão radiante que repeti o que acabara de ouvir. Aí é? Está a Chover na minha terra?


Imediatamente obtive a seguinte resposta: Tua terra não, vives tantos anos fora daqui que já não pertences a este lugar.


Senti pela primeira vez que a nossa terra está enraizada em nós; é algo que trazemos num lugar recôndito mas sublime do nosso Eu. É que quando o meu amigo referiu que eu já não era filha da nação macua e já não pertencia mais aquele lugar, senti uma tão grande necessidade de reafirmar as minhas raízes macuas. E fi-lo veementemente: ao lhe ter dito que vivo em Maputo há mais de 20 anos, mas nada tenho haver com este lugar, nem com as suas gentes, nem com os seus costumes.

Disse-lhe que a minha terra é muito bonita igualmente as mulheres são muito bonitas, referi que na nação macua, as mulheres não são “loboladas” (dote pago pelos homens aos familiares da noiva para casar com uma mulher no sul de Moçambique) e os homens da minha nação, da (nação macua) são circuncidados e tem obrigatoriamente um rádio transístor, uma machamba (lavra) para a subsistência da família, sabem caçar, pescar, e partilhar.


Na nação macua Munherar (vergar a coluna e arrastar as duas mãos no chão em direcção ao velho, até que este a boa maneira macua te diga, fica a vontade) mas antes te pergunta pela tua família, pelo teu casamento, pela colheita e só então agradece o teu gesto e pede desculpa e insistentemente te diz põe-te bem. Fica a vontade, não é preciso estar assim.


Algumas pessoas em alguns lugares (nações) chamam a isso de "velhos e bons tempos", mas honestamente creio que esta bondade é produzida pela severidade experimentada! Quase todos passámos por dificuldades financeiras e a manutenção do básico da vida requer trabalho constantemente. Essa experiência comum produz dentro de grande parte da minha nação um senso de empatia de uns para com os outros. A polidez e a gentileza são muito mais comuns; os direitos da outra pessoa são grandemente respeitados. E, falando de respeito, as mulheres são consideradas damas. Os homens moderam o seu vocabulário quando vêem mulheres por perto e procuram ser cavalheiros, afastando-se ligeiramente do caminho como gesto de respeito ao encontrá-las na estrada, abrindo alas e cedendo lugares nas esteiras para que elas se sentem. Hoje, essas atitudes de cortesia são consideradas anacrónicas, se eu, esquecer que os tempos são outros e me atrever a esperar que me abras a porta ficarei plantada na espera. Perdoa-me amor, pensei que fosses um cavalheiro! Condescendência. Esta é uma palavra que seguramente é de difícil compreensão nos dias de hoje. Estamos muito atarefados correndo atrás das nossas ambições de ter dois carros (ou mais) na garagem e uma antena de TV que capte sinais de satélite! Se entrarem ladrões na casa do vizinho e fizerem uma limpeza lá - é problema deles. Acredita se quiseres, houve um tempo - não tão longe assim - quando as pessoas se respeitavam e se valorizavam.



Fazíamos Qualquer sacrifício para nos ajudarmos em casos de necessidade. Hoje, ninguém está muito preocupado com os outros – estejamos bem ou mal! Ser mesquinho hoje é uma virtude, como resultado, poucas pessoas agora param para considerar o quanto Deus tem nos abençoado. Temos muito mais tempo livre do que tinham os nossos pais, proporcionado pelas novas tecnologias! Entretanto, em vez de aproveitá-lo, redobramos nossos esforços trabalhando em horas extraordinárias para ganharmos mais e podermos gastar mais! Uma pessoa famosa, cujo nome não me lembro, disse: "Não há esperança para o homem que já está satisfeito". Isso bem poderia ser o lema em algumas nações hoje. Corremos de um lado para outro, parecendo formigas que tiveram o seu formigueiro destruído, muitos privando-se do sono e outros voando no "piloto-automático" para decidir o que vão comprar a seguir. Poucos parecem satisfeitos com o que já têm e estão literalmente enlouquecendo e tentando adquirir tudo. Vês algo errado neste quadro? A revelação é que estamos no caminho para a destruição.






*Suzete Madeira*


*(Poetisa e contista da nova vaga moçambicana)

...


 João Neves



domingo, 25 de outubro de 2009

Domingo em família


Hoje mudou a hora. Que bom, os mais preguiçosos dormem mais uma hora. Os que gostam de mabassar (trabalhar) têm mais uma horita.


Lá muito longe, há muito tempo, os domingos eram passados em família. Famílias numerosas, pais, irmãos, tios, tias, primos e primas faziam um rancho de gente.
 Pela manhã íamos á Missa na Igreja da Localidade. Depois, os mezungos (homem branco) ficavam-se pelos cafés com os muanas ( miúdos) e as manacages (mulheres) iam para a inhumba (casa) fazer a cúdea (comida).



 Quando os mezungos e os muanas chegavam para a cúdea ... hummmm que cheirinho, normalmente , na casa da minha madrinha, a cúdea era canja, caril de galinha e uma sobremesa doce, havia também uma tábua de frutos tropicais ( abacaxi, abacate, manga, goiaba, banana, cajú ...).



  Adorava comer o caril á mão tal como os monhés. Era feio diziam, mas era assim que sabia bem. A minha sobremesa preferida era bolo de batata doce, porque a seguir, em vez de ir dormir a sesta, escapulia-me para o quintal e subia a cima da mangueira e refastelava-me a comer mangas, daquelas com fio, que eram uma delícia.


 Hoje é domingo, as famílias já não são as mesmas, então arranjamos outras famílias, os amigos, por exemplo.


 Adoro receber os meus amigos. Preparar-lhes uma refeição que lembre os momentos da nossa infância.


 Hoje a cúdea é assim:



Tapas de Abacate


Ingredientes:
60 g de castanha de cajú
1 abacate
Água, molho Tabasco, cominhos em pó, pão de milho, sal, pimenta, sumo de limão, azeite, caril e salsa q.b.

Preparação


Tritura-se finamente a castanha de cajú numa picadora, reserva-se, no entanto, algumas inteiras para a decoração. Depois, coloca-se o picado num almofariz, junta-se um pouco de água e esmaga-se até obter uma massa homogénea. por último, incorporam-se algumas gotas de molho de tabasco e um pouco de cominhos em pó. Cortam-se fatias de pão em círculos, barram-se com a massa de castanha de cajú e cobrem-se com o abacate cortado em rodelas finas. Por cima espalham-se algumas castanhas e tempera-se com sal, pimenta, azeite,sumo de limão, carile uma folhinha de salsa.


Camarões com quiabos
Ingredientes:


Camarão: 500 gr
Quiabos às rodelas: 4 chávenas (chá)
Azeite: 3 colheres de (sopa)
Salsa picada: 1 colher de (sopa)
Sal: q.b.
Pimenta: q.b.
Limão: 2
Cebola picada: 1
Tomate picado: 1


Preparação


Coloque os quiabo de molho com o sumo de 1 limão por alguns minutos.
Reserve.
Tire a cascas dos camarões, limpe bem, lave  e enxague. Coloque tudo numa tigela, junte o sumo do outro limão , o sal e a pimenta. Misture e deixe a apurar cerca de 30 minutos. De seguida escorra e enxague. Coloque o azeite numa frigideira e refogue a cebola. Junte o tomate e a salsa, refogue por mais 2 minutos e de seguida junte os camarões e deixe cozinha-los.


Por fim, adicione os quiabos lavados e escorridos e tape a frigideira até que os quiabos estejam prontos a servir. Não acrescente água. Prove os temperos.


Acompanha-se com arroz branco.



Bolo de batata doce

Ingredientes:

5 ovos
10 colheres de sopa de leite
250 g de batata doce cozida
180 g de farinha para bolos
150 g de açúcar
1 colher de café de fermento
Raspa de limão


Preparação


Bater as gemas com o açúcar. Misturar o leite, a batata doce previamente cozida, a farinha, a raspa de limão e o fermento. Bate-se tudo muito bem, acrescentam-se as claras e vai ao forno.


Untar a forma com manteiga e polvilhar com açúcar.


Depois de cozido o bolo é regado com uma calda.
A calda é preparada com água, açúcar e uma casca de limão que vai a ferver.
Quando o bolo estiver pronto, retire do forno e regue com a calda ainda quente.



Bom apetite!!
Depois do almoço vamos tomar o tradicional café na Pousada e visitar o Castelo.
Desejo-vos um óptimo domingo na companhia dos vossos familiares e amigos


Alda