domingo, 8 de novembro de 2009

Despojos de uma Infância

Tá-tá...

Acenámos nossas mãozitas douradas


Na esperança do reencontro

Virei-me, pela última vez, para te ver no meio da multidão

A tua balalaica e o teu calção distinguiam-te como se de um chefe te tratasses

Ouvi a voz estridente de alguém... despache-se!!!...entre!!!

Entrei naquele pássaro gigante

Dos meus olhos  pérolas silenciosas brotaram

O meu lugar era à janela

Não era mais a janela do comboio onde eu e tu respirávamos liberdade

Fechei os olhos na tentativa de  esquecer

Chorei ... saboreei o sal das minhas lágrimas

Recordei, então:

O teu sorriso rasgado           

O teu cheiro a maresia

A tua pele dourada

A tua voz ... como uma melodia de embalar...

A esperança do reencontro morava no meu coração

Mas ... os deuses não quiseram...

Perdemo-nos num tempo e num espaço que não voltarão jamais

O passado desapareceu ... o futuro não sabemos... o presente já não é.

Restam apenas memórias ...

 

AM (Lx  30 /12/79)

 P.S. Imagens retiradas do Blogue - Voando Sobre Moçambique

 

3 comentários:

  1. Esta saudade, esta nostalgia...não nos larga, não é, Alda?
    ...um dia conto-te a minha partida, o meu adeus ao planalto Macua...
    Bjs.
    João

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  2. Verdade!!!

    Mesmo não havendo mais tempo nem espaço, existem sempre as memórias.

    João, eu era uma criança, por mais que me explicassem, eu não conseguia entender porque é que tinha de me vir embora.

    O Xarimbéu, o Régulo, já cocuana, explicou-me. E sabes? Eu vim mesmo. Um dia destes, eu coloco aqui um texto sobre o assunto.

    Foi, digo-te, talvez a explicação mais sábia que alguém me podia ter dado.
    Para o Xarimbéu um beijinho grande, esteja ele onde estiver.
    Para ti Joãoum bjinho grande também, porque tu tens aquela magia que é peculiar a um Macua.
    Alda

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  3. Memórias... só memórias!
    Bjinho grande

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