terça-feira, 3 de novembro de 2009

Morre lentamente ...


"Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê, 
Quem não ouve música, 
Quem destrói o seu amor-próprio, 
Quem não se deixa ajudar. 

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito, 
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto, 
Quem não muda as marcas no supermercado, 
não arrisca vestir uma cor nova, 
não conversa com quem não conhece. 

Morre lentamente quem evita uma paixão, 
Quem prefere O "preto no branco" 
E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis, 
Justamente as que resgatam brilho nos olhos, 
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, 
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, 
Quem não se permite, 
Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos. 

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da Chuva incessante, 
Desistindo de um projecto antes de iniciá-lo, 
não perguntando sobre um assunto que desconhece 
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe. 

Evitemos a morte em doses suaves, 
Recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o 
Simples acto de respirar. 
Estejamos vivos, então!» 

Pablo Neruda

2 comentários:

  1. Lindo, Alda.
    Parabéns pela escolha do Pablo Neruda.
    Sabes que estas palavras,desperta-me...abana-me..."acorda, João..."...mas...há momentos que, ao ouvir a Maria Bethânia...me esqueço do que me diz Neruda...entendes?
    Shalom, Alda e obrigado pela vida que estás a conceder ao nosso blog.
    Vem sempre para junto de nós,Alda.
    Beijinho.
    João

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  2. Grande poema este de Neruda com enormes verdades!
    Bela escolha, mais uma vez!
    Bjinho grande

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