quinta-feira, 21 de outubro de 2010

...REENCONTRO...

Espantosamente a vida por vezes surpreende-nos.

Fico-me a olhar para este nome num email que acabei de receber...
Quantos anos se passaram?! Quase 40, uma vida!! Sim, é verdade...
Invade-me uma tremenda nostalgia e o meu pensamento transporta-me para o inicio dos anos 70, quando nos conhecemos e depois, aquelas férias!!
Jamais as esquecerei
Eramos duas crianças que brincavam á sombra das palmeiras e corriam livremente na savana tropical.
Eramos tão felizes!!

No meio de todos os nossos amiguinhos, por vezes, era como se só existissemos nós os dois, mas
O destino...
O acaso...
A vida...
Sei lá!!
Separou-nos.
Tu, retornaste á tua vida na grande cidade. Eu, segui a minha...
Porém , nos anos seguintes, iamos sabendo um do outro, através de amigos comuns, e um dia...
Recebo uma cartinha tua, que eu considerei uma brincadeira pois era típico em ti, brincares com tudo, por isso não acreditei e nunca respondi...

Quando cheguei a Portugal, através de uma amiga comum, ainda tive noticias tuas pois, numa derradeira tentativa, pedias para te escrever e mais uma vez, não o fiz...

Porquê?
Não sei!!
Entretânto, perdi-te o rasto e foi aí que despertei...
Percebi que jamais tería outra oportunidade de te reencontrar.
Nos anos que se seguiram, e que foram tantos!!
Chamei-me mil vezes idiota por nunca te têr respondido, mas era demasiado tarde...

Perdida na minha nova vida onde tudo era diferente e desconhecido, vivi muito tempo das minhas recordações. Imaginava-te tão longe!!
Pensava que, com o tempo, eu deixaría de têr qualquer significado para ti e isso deixava-me tão triste!!
Mas algo me dizia que nunca me esquecerías...
Os anos foram passando e eu, tal como tu, segui a ordem natural da vida:
Continuei com os meus estudos, fiz novas amizades, tive o meu 1º emprego. Tive amores e desamores, venturas e desventuras, casei e tive o meu filho
Viajei um pouco e, numa dessas viagens, como por encanto
O destino...
O acaso...
A vida...
Sei lá!!
Fazem com que volte a saber de ti.
O que considerava irremediávelmente perdido, estava de volta...
Tinha o teu endereço electrónico na minha mão.
Escrevo?!
Não escrevo?!
Um verdadeiro dilema...
Já se tinham passado tantos anos!!
Resolvi arriscar pois o pior que podería acontecer, era nem sequer me responderes.
E então comecei assim:
" Se me lêres, saberás quem sou"
 E no dia seguinte, 31 anos depois de ter deixado de saber de ti, envias-me algo que me diz assim:

" Se me lêres, se calhar, já nem me reconheces"

Incrédula, maravilhada, mas ao mesmo tempo, apreensiva com o conteúdo do email, não queria lêr. Quería saborear lentamente aquela doce alegria de nos têrmos voltado a contactar. Mas a curiosidade foi mais forte e, evidentemente, acabei por lêr
Meu Deus!!
Não te reconhecia mesmo...
Quanto recentimento!
Quanta frieza!
Quanta indiferença!
Ainda assim respondi:
" Do menino que tu eras, parece que só tens o nome "
A volta do correio não se fêz esperada e, aos poucos, o gêlo foi derretendo...


Rápidamente, estavamos os dois de volta aos anos 70, a recordar as nossas brincadeiras naquele acampamento, a casa da "Gerência" que nos albergava, em forma de L. As tropelias que fazias para chamares a minha atenção. Aquela pomba branca, símbolo de algo que nos unia...
A vasta gama de filmes, com aquela câmara de 8 mm que viamos ao fim de semana. Da geleira sempre cheia e com aquela divisão na porta, onde continha sempre as vacinas para as mordeduras das cobras. Até esse pequeno pormenor me fizeste recordar...
Os fartos mata-bichos com bifes, bacon, salsichas, ovos e batatas fritas.
As caçadas nocturnas, de jipe, pelas planícies...
A vida farta e despreocupada que se vivia naquela época!!
Experiências de vida únicas, que só quem teve, sabe avaliar.
Foi tão bom reviver...
Sobretudo, recordar contigo.
E, tal como dizes:
Quando morrermos que ninguem tenha pena, pois vivemos momentos mágicos, inesquecíveis, extraordinários, pouco acessíveis á grande maioria das pessoas.

Agora que nos reencontramos, apesar da distância, apesar de nunca, nem telefonicamente, nos termos ouvido, apesar dos raros emails que presentemente trocamos, sabemos que


Algures
Existimos

E nos queremos bem

Isso é uma caracteristica especial, que a nossa amizade , mesmo que virtual, jamais perderá, já que resistiu ao tempo, ás intempéries da vida, á distância e irá perdurar enquanto existir-mos.
Disso, agora, tenho a certeza
E
É recíproco

Tambem gosto muito de ti


Termino como tu sempre terminas:

           "Até sempre"
         
                                                                                 
                                                 Maria Vieira