segunda-feira, 30 de novembro de 2009

GENTE GRANDE DA TRIBO MACUA

Carlos Queiroz (Nampula, 1 de Março de 1953) - Selecionador Nacional de Futebol de Portugal.

Bi-Campeão do Mundo



Nascido em Moçambique, jogou futebol nos júniores do Clube Ferroviário de Nampula, regressou a Portugal em 1975. Logo nessa altura ingressou no Instituto Superior de Educação Física de Lisboa(ISEF), onde tirou o curso de Educação Física, um mestrado e leccionou como assistente convidado. Em 1984, foi adjunto do Mário Wilson, no Grupo Desportivo Estoril Praia. Foi convidado em 1987 a integrar os quadros da Federação Portuguesa de Futebol para desempenhar o cargo de seleccionador nacional nas camadas jovens. Carlos Queiroz, que fez muita pesquisa e investigação sobre os métodos utilizados no estrangeiro, apostou forte na formação dos jovens jogadores que tinha a seu cargo e foi o responsável pelo aparecimento de craques como Luís Figo, Rui Costa, Vítor Baía, Paulo Sousa, Fernando Couto e João Vieira Pinto.


Até 1991, Queiroz esteve à frente das selecções jovens com as quais conquistou por duas vezes o título mundial de juniores, em 1989 na Arábia Saudita e em 1991 em Portugal. Foi um feito inédito que marcou o futebol português, nomeadamente porque nessas selecções alinhavam alguns jogadores que viriam a ser dos melhores do mundo e que desde sempre foram acompanhados por Carlos Queiroz. A Federação Portuguesa de Futebol quis aproveitar o talento de Carlos Queiroz e a seguir à conquista do Mundial de 1991 promoveu-o a líder da selecção principal. Mas nem tudo correu bem e Portugal não se conseguiu apurar para a Copa do Mundo de 1994, que teve lugar nos EUA. Queiroz abandonou a selecção e a federação algo desapontado e ainda nesse ano tentou uma experiência diferente como treinador.


Pela primeira vez, treinou um clube, no caso o Sporting, mas a falta de títulos acabou por levar à sua dispensa em 1996. Com Queiroz ao comando o Sporting apenas venceu a Taça de Portugal correspondente à temporada 1994/1995, tendo batido na final, no Estádio Nacional do Jamor, o Marítimo por 2-0.


Carlos Queiroz, com os títulos de juniores, alcançou bastante fama a nível mundial, nomeadamente pela sua capacidade de formação de jogadores e isso valeu-lhe vários convites do estrangeiro, onde optou por prosseguir a sua carreira. Treinou então a equipa norte-americana do MetroStars e a japonesa do Nagoya Grampus Eight, até que em Julho de 1998 regressou ao comando de uma selecção, no caso a dos Emirados Árabes Unidos, onde esteve cerca de um ano


Enquanto esperou por outro projecto tentador Carlos Queiroz foi convidado por duas vezes para treinar a selecção mundial da FIFA, para a qual são convocados alguns dos melhores futebolistas do Mundo, e para ser consultor técnico da Federação de Moçambique. O regresso ao activo aconteceu Agosto de 2000, para orientar a selecção da África do Sul, que conseguiu apurar para a Copa do Mundo de 2002. Em 2002, assumiu o cargo de treinador-adjunto de Alex Ferguson no Manchester United, contribuindo para o título de campeão de Inglaterra que o clube conquistou. Em Junho de 2003 foi contratado pelo Real Madrid para treinador principal da equipa espanhola, substituindo Vicente del Bosque. Num época bastante agitada, acaba por não conseguir impor a sua filosofia de trabalho. Regressa ao Manchester United para continuar o seu trabalho com Alex Ferguson, treinador principal do colosso inglês.


A 11 de Julho de 2008, para ocupar a vaga deixada por Luiz Felipe Scolari, Carlos Queiroz, foi anunciado como treinador da Selecção Portuguesa de Futebol, com o principal objectivo de qualificar a selecção portuguesa para a Copa do Mundo FIFA de 2010.[1]


Títulos:


• 1988 - Vice Campeão - Europeu Sub-17
• 1988 - Vice Campeão - Europeu Sub-19
• 1989 - Vencedor - Mundial Sub-20 de Futebol
• 1989 - Vencedor - Europeu Sub-17
• 1989 - 3º Classificado - Mundial Sub-17
• 1990 - Vice Campeão - Europeu Sub-19
• 1991 - Vencedor - Mundial Sub-20 de Futebol
• 1994-1995 - Vencedor Supertaça Portuguesa (Sporting CP)
• 1994-1995 - Vencedor Taça de Portugal (Sporting CP)
• 1994-1995 - Vice-campeão - Liga Portuguesa (Sporting CP)
• 1995-1996 - Vice-campeão - Major League Soccer (MetroStars)
• 2002-2003 - Vencedor - Supertaça Inglesa (Manchester United)
• 2002-2003 - Finalista Vencido - Taça da Liga Inglesa (Manchester United)
• 2002-2003 - Vencedor - Liga Inglesa (Manchester United)
• 2003-2004 - Vencedor - Supertaça Espanhola (Real Madrid)
• 2005-2006 - Finalista Vencido - Taça de Inglaterra (Manchester United)
• 2005-2006 - Vencedor - Taça da Liga Inglesa (Manchester United)
• 2005-2006 - Vice-campeão - Liga Inglesa (Manchester United)
• 2006-2007 - Vencedor - Liga Inglesa (Manchester United)
• 2007-2008 - Vencedor - Liga Inglesa (Manchester United)
• 2007-2008 - Vencedor - Liga dos Campeões da UEFA (Manchester United)



SHALOM, CARLOS... 
João Neves


domingo, 29 de novembro de 2009

Poeta sem o ser...





Perdi os temores do tempo....

Saltei barreiras, temporais , gritos , desesperos...

Cheguei ao destino impávida de nostalgia, o destino que não queria, mas cheguei. Reclamo com a minha alma, a perda da morada certa.

Luto por um só suspiro de agrado e de prazer... luto pela saudade eterna da terra do bafo quente, luto por te rever, enquanto o impossível se torna em sonho.

Um dia irei...sim,retornarei em pó ,em cinza,mas retornarei... e o chão terá o odor da terra molhada das minhas lágrimas.

Duma Moçambicana que não é poeta.


Luzinha Coelho

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Fica longe o sol que vi


Fica longe o sol que vi,
aquecer meu corpo outrora...
Como é breve o sol daqui!
E como é longa esta hora...


Donde estou vejo partir
quem parte certo e feliz.
Só eu fico. E sonho ir,
rumo ao sol do meu país...


Por isso as asas dormentes,
suspiram por outro céu.
Mas ai delas! tão doentes,
não podem voar mais eu...




  
que comigo, preso a mim,
tudo quanto sei de cor...
Chamem-lhe nomes sem fim,
por todos responde a dor.


Mas dor de quê? dor de quem,
se nada tenho a sofrer?...
Saudade?...Amor?...Sei lá bem!
É qualquer coisa a morrer...


 



E assim, no pulso dos dias,
sinto chegar outro Outono...
passam as horas esguias,
levando o meu abandono...



Clotilde Nunes Silva *

*Poetisa Moçambicana - nasceu em Lourenço Marques (Maputo)  - 1925


domingo, 22 de novembro de 2009

A Lista

Numa altura do ano próxima da grande festa da família, tempo de reunir amigos ou trocar mensagens de amizade e carinho, recebi este pps que me enterneceu e me levou a publicar este post.
…dizer da minha parte que gostaria que a gente da minha Tribo lesse esta Lista do Oswaldo…


A Lista




Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?


Oswaldo Montenegro






Um abraço


João Neves

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Sinto falta das Acácias


Sinto falta ...

Da vossa cor rubra

Da vossa sombra

Onde eu me protegia do sol escaldante

Onde me quedava a ouvir o canto das cigarras

Recordava a  fábula que tinha lido na escola

A cigarra e a formiga

Mas, a fábula não fazia sentido para mim

Na minha terra não havia frio nem neve


Na minha terra existiam  acácias que se vestiam de plumas rubras

Pelo pino do sol, como só na minha terra existe

Cigarras em uníssono entoavam uma melodia 

E as vossas ramagens todas emplumadas

vibravam numa dança acrobática

Sinto falta...                                                                                                                                                                                                              


A.M.

P.S. fotos retiradas da net


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Vontade de beijar os olhos de minha Pátria...

...se me perguntarem o que é a minha Pátria...direi...não sei...mas sei que a minha Pátria é a luz, o sal, a água...vontade de beijar os olhos da minha Pátria...de mimá-la...de passar-lhe as mãos pelos cabelos...

...está decidido...um dia vou voltar a minha Pátria, não sei quando...talvez integrado numa qualquer organização de ajuda humanitária...a vontade de abraçar a minha gente não tem limites...vou voltar...não sei quando...mas vou voltar, gente.


 " Ter-se nascido ou vivido em Moçambique é uma doença incurável, uma virose latente. Mesmo para os que se sentem genuinamente portugueses mascara-se a doença, ignora-se, ou recalca-se e acreditamo-nos curados e imunizados. A mínima exposição a determinadas circunstâncias desencadeia, porém, inevitáveis recorrências e acabamos por arder na altíssima febre de uma recidiva sem regresso nem apelo".

Rui Knopfli


     in ...http://umvoocegoanada.blogspot.com

Um beijo.

João Neves




quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Faz hoje um ano


A nossa cidade

A minha partida para Moçambique dia12 de Novº 2008



Primeiro que tudo agradeço o convite do João para participar na Tribo Macua.Não podia deixar de aceitar e orgulho-me de enviar-vos o meu primeiro post precisamente no dia em que faz um ano que parti rumo a Moçambique depois de 42 anos.
Quero, portanto, partilhar convosco a emoção que senti ao chegar a Nampula.
Sentir, ao olhar a cidade, a sensação de que nunca tinha de lá saído.
O cheirinho macua envolveu-me de tal maneira que ainda hoje o sinto!
Vou tentar deixar duas fotos e prometo que voltarei à Tribo Macua para mais posts.
Não sou bem do vosso tempo, um pouquinho mais antiga, lembro-me de quase todos vós muito novinhos ainda...Beijos a todos

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Dia de Castanhas - S. Martinho




Não me recordo se lá na minha terra se festejava o dia de S. Martinho.
Lembro-me de subir aos cajueiros, como uma macaquita, para  apanhar os seus frutos.
No meu quintal não havia cajueiros. Simplesmente ficava a olhar para o cajueiro frondoso, da machamba do Administrador em frente à minha casa.
A minha mãe proibiu-me de lá ir.
Depois da escola e do almoço  parada na estrada  olhava  aquele cajueiro ...  era lindo,principalmente, quando estava carregado de frutos ... a minha mãe dizia: menina vem para dentro! Mas, eu não acatava a ordem ... ficava ... até que aparecessem os cipaios com os reclusos para culimarem a machamba.
Os cipaios já me conheciam, 
olhavam para mim a sorrir, a minha conversa era sempre a mesma.

Cipaio, dá cajú à menina, dizia eu.
O Cipaio, com o seu sorriso rasgado, dizia: está bem, minina eu vou apanhar...  já levo cajú à minina.
Num ápice alguém batia à porta:
Srª... cajú pra minina...
O pior seguia-se ... assar as castanhas no moto do quintal, sujar-me toda, ai como a minha mãe ficava .... 
A acompanhar as castanhas eu bebia o suco do cajú.





Os indígenas faziam jambalau uma bebida alcoólica produzida através do suco do cajú. Por essa altura, a música  e a dança no bairro do mafarinha duravam  até às tantas, era certamente o festejo do dia de " S. Martinho".


Eu nunca fui ao Mafarinha ver uma festa destas, simplesmente adormecia ao som dos batuques e das marimbas.



Com ou sem castanhas de cajú , um bom S. Martinho para vós, se puderem dancem uma Marrabenta.


Bjx
Alda

domingo, 8 de novembro de 2009

Despojos de uma Infância

Tá-tá...

Acenámos nossas mãozitas douradas


Na esperança do reencontro

Virei-me, pela última vez, para te ver no meio da multidão

A tua balalaica e o teu calção distinguiam-te como se de um chefe te tratasses

Ouvi a voz estridente de alguém... despache-se!!!...entre!!!

Entrei naquele pássaro gigante

Dos meus olhos  pérolas silenciosas brotaram

O meu lugar era à janela

Não era mais a janela do comboio onde eu e tu respirávamos liberdade

Fechei os olhos na tentativa de  esquecer

Chorei ... saboreei o sal das minhas lágrimas

Recordei, então:

O teu sorriso rasgado           

O teu cheiro a maresia

A tua pele dourada

A tua voz ... como uma melodia de embalar...

A esperança do reencontro morava no meu coração

Mas ... os deuses não quiseram...

Perdemo-nos num tempo e num espaço que não voltarão jamais

O passado desapareceu ... o futuro não sabemos... o presente já não é.

Restam apenas memórias ...

 

AM (Lx  30 /12/79)

 P.S. Imagens retiradas do Blogue - Voando Sobre Moçambique

 

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

...Lar ...doce lar...

  
    ...O ÉDEN...








...NÃO  TENHO  COMENTÁRIOS...

João Neves

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Morre lentamente ...


"Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê, 
Quem não ouve música, 
Quem destrói o seu amor-próprio, 
Quem não se deixa ajudar. 

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito, 
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto, 
Quem não muda as marcas no supermercado, 
não arrisca vestir uma cor nova, 
não conversa com quem não conhece. 

Morre lentamente quem evita uma paixão, 
Quem prefere O "preto no branco" 
E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis, 
Justamente as que resgatam brilho nos olhos, 
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, 
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, 
Quem não se permite, 
Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos. 

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da Chuva incessante, 
Desistindo de um projecto antes de iniciá-lo, 
não perguntando sobre um assunto que desconhece 
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe. 

Evitemos a morte em doses suaves, 
Recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o 
Simples acto de respirar. 
Estejamos vivos, então!» 

Pablo Neruda