sábado, 29 de setembro de 2007

MEMÓRIAS


Tenho resistido em colocar a minha participação neste espaço. Mas ... tenho um mano muito persistente ... o João Neves e ... devo-lhe este cantinho. À Ana Dias, também.Bem, neste momento, só me vem à memória uma certa casa, numa rua ampla e linda da qual já não me recordo o nome, em Nampula, que me faz sentir na pele uma suave sensação de paz e alegria. Ali, eu, o meu mano e os meus pais fomos felizes. Não éramos abastados, como muitos aqui, neste país imaginam que eram todas as pessoas que viviam naquelas terras. Mas éramos muito felizes! A mamã, grande mulher, mãe e dona de casa, mulher de pulso rígido, mas sempre atente ao nosso bem-estar. O pai, a meiguice em pessoa, nosso cúmplice, paciente e ... a pessoa que mais amor soube dar neste mundo. O mano, traquinas, sempre envolvido em embrulhadas que eu e o nosso paizão, procurávamos encobrir da mãe guerreira. Eu, uma menina feliz.Mesmo ao lado, grandes amigas - a Lena Rocha, minha companheira desde a 4ª classe, cúmplices de tantas histórias! Lena, adoro-te! A Gina, a Belinha com aqueles olhos lindos imparáveis! A D. Alice, como eu a admirava, por ser uma mãe doce, lutadora, amiga!Recordo as noites de conversa no passeio junto à nossa casa.Vejo-me a sair de casa de manhazinha, bata branca com o emblema do LAGC, a mastigar o pau de quinhenta com um bocado de fiambre dentro!E o meu liceu! As raparigas no 1º andar a mirarem os rapagões lá em baixo no recreio! E o meu 5º ano! O primeiro ano misto! Recordam-se, finalistas de 69/70? Ana Maria, aqueles tempos são muito bons de recordar! Ninguém nos tira aquelas memórias!Sabem, após 33 anos de estadia em Portugal, ainda há muitas noites que me parece ouvir o som dos tambores ao longe!Pronto queridos amigos makuas, vou-me embora, mas deixem-me dizer-vos que sinto muitas saudades de todos vós, da amizade, do convívio são sem televisão, dos cheiros, dos sons, das cores ... de tudo, meu Deus!E sinto uma enorme tristeza de, após todos estes anos, ainda não ter conseguido voltar àqueles lugares que são a minha origem.
Sabem, é que eu sou branca por fora, mas sempre preta por dentro, como dizem por aqui os portugas.

Mano, gosto muito de ti´, és um dos homens que mais admiro. Sabes com quem és parecido, não sabes?.
Um grande beijo de amor para todos.




Fernanda Neves

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