Entre os que vieram de África, há amarguras por resolver.
Nunca perdoaram aos vários Governos o facto do Estado não os ter compensado
pelos bens que deixaram em África.
Entre 1976 e 1980, deram entrada no
Instituto para a Cooperação Económica (futuro Instituto da Cooperação
Portuguesa) quarenta e seis mil pedidos de compensação por perda de imóveis,
depósitos e outros pertences abandonados no ultramar.
Essa mágoa é apenas um dos factores que os une. Hoje, milhares de portugueses que vieram de África alimentam a nostalgia em páginas do Facebook, sites e blogues dedicados às lembranças de outrora.
É lá que partilham fotografias e histórias, procuram pessoas a quem perderam rasto, marcam almoços anuais para reencontrarem velhos amigos e trazerem o ultramar à Europa.
Separadas as dificuldades do inicio, os “retornados” afirmaram-se no mercado de trabalho nacional e é quase unânime que o seu espírito empreendedor imprimiu um novo dinamismo à economia portuguesa.
Mas para Victor Cerqueira há uma adaptação que continua por se cumprir.
“Os nossos amigos ainda são os de África, o nosso círculo é o mesmo – o que quer dizer que a integração emocional não ficou completa”.
In “Os que vieram de África” de Rita Garcia.
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